Gustavo Zanotto e a construção de um novo mercado imobiliário pela Jornada de Dados

O CEO da plataforma Beemob defende o Big Data e a mentalidade “as a service” como fatores indispensáveis para que as empresas tradicionais do setor de imóveis encontrem espaço para a transformação e o crescimento na era da hiperconectividade.

A busca por um imóvel sempre foi uma tarefa complexa para indivíduos e empresas. Independentemente de sua finalidade — se residencial, comercial ou com fins de investimento —, as transações, em muitos mercados, tendem a esbarrar em limitações geográficas, pouca transparência e um descompasso complexo entre oferta e demanda.

A Beemob, empresa brasileira fundada na cidade de Porto Alegre em 2018, dedica-se a ser um agente de ponta nessa transformação setorial. Inicialmente, ela congregava corretores de imóveis e, logo, agregou os outros dois grandes players desse mercado, as imobiliárias e as incorporadoras. Além da gestão de portfólio, a plataforma permite que corretores, imobiliárias e incorporadoras, do Brasil inteiro, ofereçam seus serviços e façam negócios entre si.

“Quem compra produto imobiliário também o faz fora de sua área de moradia. Tem gente na região Sul adquirindo imóvel no Nordeste e, se a pessoa não conhece bem o local, a compra torna-se muito difícil”, explica Gustavo Zanotto, CEO da empresa. “A Beemob resolve esse problema porque conecta muitas partes. Tanto que ficamos conhecidos como ‘o Tinder do mercado imobiliário’, porque criamos um match entre profissionais de diferentes atuações”, diz.

Nada disso teria sido possível se não fosse o uso estratégico da Jornada de Dados no modelo de negócio da Beemob e Zanotto conta essa história com exclusividade para o blog da Orange Business.

Inspiração em modelos consolidados

“No Brasil, até há uns cinco anos, não se falava em parceria de incorporadoras com imobiliárias e corretores. A figura do incorporador sempre foi a de ‘dono do produto’. Em um mercado evoluído, como o dos EUA, não existe a possibilidade de by-pass na transação imobiliária: ela vai obrigatoriamente acontecer por meio de um corretor. Porém, no mercado brasileiro apenas cerca de 30% de todos os negócios imobiliários passam pela mão de um corretor. A enorme maioria acontece no chamado ‘PF’, ou ‘por fora’.

A Beemob realizou o processo de entender como se compõe um mercado modelo, identificando o valor que se dá ao corretor como agente capaz de realizar mais negócios, com mais assertividade em menos tempo — desde que ele tenha os dados para isso. Com isso, as transações ‘PF’ ficam menos atraentes”.

Rentabilidade que vem do serviço

“A Beemob tem mais de R$ 100 bilhões em VGV [valor geral de vendas, calculado pela soma do potencial de vendas de todo o portfólio] de produtos ofertados, cobrindo 26 Estados e o Distrito Federal. São quase 11 mil profissionais cadastrados que fazem a transação desses produtos. Mas restava para nós um desafio crucial: como agregar valor em forma de serviços e potencializar o negócio digital da plataforma.

Quando assumi como CEO em julho de 2020, percebi que tínhamos que ofertar serviços, e não produtos. O raciocínio é simples: basta olhar tudo que você tem na palma da sua mão hoje e, logo, você percebe que quase tudo são aplicativos que oferecem serviços de transporte, alimentação, hospedagem.

O viés de informação hoje é o ‘Beemob as a service’. Assumimos que somos uma plataforma digital que o usuário pode acessar e conhecer todas as particularidades de uma região. Pode ver a quantidade de moradias, a renda média e o potencial de consumo dos moradores; são mais de 80 itens que podem ser verificados. O corretor e a imobiliária têm a visão exata do que podem oferecer, garantindo uma transação mais eficiente e assertiva”.

Inteligência que permite a tomada de decisão

“A transformação digital tem a ver com comportamento, com mudança de pensamento. Como todo o negócio acontece a partir de reconhecimento de padrões e necessidades, é nessa ferramenta de big data que nos destacamos. Hoje quem não tiver o maior conhecimento do que está acontecendo com produtos e pessoas não vai ser relevante no mercado imobiliário, já que 90% da jornada acontece em canais digitais.

Também trouxemos uma fintech para dentro da Beemob. Em nossos estudos de mercado, ficou claro que o financiamento era uma das questões que mais empacavam a transação. Por isso, agregamos, por meio dessa fintech, uma simulação de crédito dentro da plataforma. Isso dá vazão para o cliente não abandonar a transação. Nosso próximo passo é incorporar uma avaliação de imóvel à plataforma”.

Aprendizado como professor

“Eu estou atuando no mercado imobiliário há quase 20 anos. É um setor apaixonante: depois que você conhece as oportunidades que ele oferece, não tem como não se entregar. Em paralelo, atuo como professor e palestrante desde 2009.

Comecei a docência de uma maneira muito interessante: fiz amizade com muitos professores em meus tempos de faculdade. Tempos depois, fui à PUC Campinas e um professor amigo me convidou para assistir sua aula. Já em classe, sem aviso prévio, ele disse: ‘agora quem vai continuar falando para vocês é o professor Gustavo Zanotto’. Apesar do susto, gostei muito da experiência e embarquei na carreira.

Dei aula na graduação de diversas faculdades, mas me realizei como professor de pós-graduação. Ali, você está falando com pessoas do mercado, que podem contribuir com visões sobre o que está acontecendo. Essa atuação, que também se desdobrou em palestras, me leva a ler muito — sobre filosofia, marketing, vendas, comunicação, vários assuntos. Não dá mais para fazer uma palestra ou falar em faculdade sem saber o que está acontecendo de uma forma ampla. Além disso, o momento de maior aprendizado é justamente quando você compartilha conhecimento. Você aprende muito na dúvida que a outra pessoa te apresenta”.

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