CIO x CEO: os papéis e limites de cada um na inovação

Renato Terzi, CEO da GR1D Insurance, e Tiago Damasceno Felipe, superintendente de tecnologia do Grupo Leforte, falam sobre os impactos dessa relação para a transformação digital das empresas

CEO e CIO são dois personagens fundamentais na inovação. Além de assumirem papéis de destaque na condução das mudanças, ambos também se transformam nesse processo. O antigo embate entre o gestor frio orientado a resultados versus o responsável por fazer a tecnologia rodar nas empresas já faz parte do passado (ou de algumas empresas que ainda vivem nele). Os desafios de negócio atuais exigem profissionais que dialoguem e trabalhem juntos a favor da transformação digital, em um ambiente que favorece a colaboração.

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Mas como equacionar esse relacionamento? Quais os papéis e limites de cada um desses C-levels nos projetos de inovação?

Renato Terzi

Para responder a essas e outras perguntas, convidamos Renato Terzi, CEO da GR1D Insurance. A plataforma de inovação atua nos mercados de seguro e financeiro com o conceito open, caracterizado por modelo de negócios nos quais produtos, serviços, informações e funcionalidades de uma empresa estão disponíveis para consumo de qualquer outra empresa – de forma segura e com o acordo de todos os envolvidos.

 

Tiago Damasceno

Também conversamos com Tiago Damasceno Felipe, superintendente de tecnologia do Grupo Leforte. Na rede de hospitais, ele tem como principal objetivo usar a tecnologia e a inovação para melhorar o desempenho assistencial, ou seja, aumentar as possibilidades de tratamento e cura dos pacientes.

 

Nessa entrevista, as perguntas para ambos foram iguais. Se as respostas também serão, você saberá a seguir:

Orange Business: Quais os principais gargalos da relação entre CIO e CEO quando o tema é inovação?

Renato Terzi: São dois pontos. O primeiro é a visão estratégica de negócio. O CEO tem uma visão sobre a experiência do cliente e as demandas da empresa. Já o CIO é um cara ligado à solução tecnológica. Então, existe uma necessidade de esforço do CEO para levar ao CIO a visão do negócio. O segundo, mais objetivo, é que segurança da informação, sustentação, disponibilidade são aspectos que, na cabeça do CIO, são normais, mas para o CEO são desafios complexos.

Tiago Damasceno Felipe: A adaptação do perfil do líder de tecnologia, que agora tem de viabilizar estratégias de negócios que culminam em inovação, processos, tecnologia e cultura organizacional, é o principal gargalo. Em nosso mercado, é comum ainda perceber que as preocupações dos CIOs estão focadas exclusivamente em questões técnicas, redução de custos e melhoria de eficiência operacional.

Orange Business: De que forma você, na posição em que ocupa, considera que pode estimular a inovação na organização?

Terzi: Inovação é risco. Se o CEO não demonstrar que pode assumir riscos e falhas, nada vai acontecer. Eles têm medo, com razão, porque os C-levels “batem” naqueles que falham. Se o CEO não tiver uma atitude inovadora, destemida e arrojada, as pessoas não terão uma atitude de inovação e colaboração.

Damasceno: O primeiro passo é estar alinhado e participar da estratégia de negócio da empresa. Com isso, cria-se um ambiente para o desenvolvimento de talentos e equipes digitais multidisciplinares que viabilizem a integração organizacional e disseminem a cultura da colaboração e da gestão de processos. Além disso, fomentar a aproximação das áreas de negócio é outro caminho. E ter como foco as pessoas e os relacionamentos para viabilizar a transformação digital da organização.

Orange Business: Como CIO e CEO podem trabalhar juntos para criar um ambiente e empresas mais inovadoras?

Terzi: A formação da equipe é muito importante. Quando ambos não se entendem muito bem, é difícil construir um ambiente de inovação. O CEO precisa construir confiança não só com os companheiros, mas também pelas suas ideias. Infelizmente não é o que vejo. Muitos CEOs exigem (que o CIO) ‘seja o Google’, não permitem erros.

Damasceno: Tudo começa com compartilhar a mesma visão estratégica, reunindo características e pensamentos distintos para atingir um mesmo objetivo. É preciso fugir de barreiras hierárquicas e estabelecer um diálogo constante para viabilizar a mudança da cultura. Toda transformação começa nas pessoas.

Orange Business: E como cada um pode entender melhor as dificuldades e responsabilidades do outro?

Terzi: O CEO precisa estar aberto e disponível. O mesmo vale para o CIO. O diálogo é o mais importante. É preciso ter um canal muito aberto e, talvez, uma boa mecânica seja separar as conversas de negócio daquelas mais técnicas, que podem ser tratadas em fóruns específicos de inovação ou laboratórios.

Damasceno: Uma das formas é por meio de pequenos comitês de estratégia de negócios e TI realizados periodicamente, criando um ambiente propício para explorar oportunidades e identificar os desafios de cada um na execução da estratégia. Importante ressaltar a necessidade de criar um canal de diálogo aberto, sem barreiras hierárquicas tradicionais e piramidais que geram burocracia e lentidão na tomada de decisões.

Orange Business: Qual a principal lição que você já aprendeu com um CIO/CEO (respectivamente)?

Terzi: Construir a confiança. Construir a confiança no CIO foi a melhor experiência que tive no passado.

Damasceno: A principal está relacionada ao processo de comunicação e relacionamento. Na formação de executivos de TI existe uma questão técnica muito presente, mas habilidades de adaptabilidade, versatilidade e de interação humana fazem a diferença para eliminar o perfil centralizador e distante das demais áreas da organização.

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